domingo, 4 de novembro de 2007

Artur Virgilio Alves dos Reis


Quem é que no seu perfeito juízo se atreveria a pensar em duplicar cerca de 200.000 notas de 500 escudos em plenos anos 20? Apenas uma pessoa. Chamava-se Artur Virgílio Alves dos Reis.

Nasceu em Lisboa a 3 de Setembro de 1898 e faleceu em Julho de 1955. É actualmente considerado como sendo o maior burlão português de sempre e foi o mentor da maior operação de falsificação de notas de banco da nossa história. Estima-se que Alves dos Reis tenha falsificado à sua conta cerca de 200.000 notas de valor nominal de 500 escudos (quase 1% do PIB português de então), com a efígie Vasco da Gama chapa 2, datadas de 17 de Novembro de 1922. O número total de notas falsas de 500 escudos era quase tão elevado como o de notas legítimas. Foi obra.

Não me parece, no entanto, que o adjectivo que melhor caracteriza a arrojada operação das notas seja o de falsificação. É que afinal de contas, e sejamos sérios naquilo que escrevemos, o “so called” dinheiro falso de Alves dos Reis era dos mais verdadeiro que podia existir, tendo sido o resultado de uma série de notas impressas pela Waterloo & Sons, empresa onde a República mandava imprimir a moeda na altura.

No caderno de encargos de impressão das notas, estipulava-se que estas viriam a ter posteriormente a sobrecarga Angola dado que, alegadamente, se destinariam a circular nesse país. Por essa razão, as notas tinham números de série de notas já em circulação em Portugal. As notas não eram portanto falsas, seriam sim notas em duplicado.

Alves dos Reis arquitectou o seu destemido plano durante os 54 dias em que esteve preso no Porto (em 1924). A sua ideia era falsificar um contrato em nome do Banco de Portugal, que por esta altura era uma instituição parcialmente privada com o encargo de emitir a moeda e que lhe permitiria obter notas ilegítimas mas impressas numa empresa legítima e com a mesma qualidade das verdadeiras.

De forma a sair ilibado de qualquer responsabilidade pelos seus actos, Alves dos Reis pretendia comprar o Banco de Portugal, na altura adquirível, tornar-se seu dono a dessa forma ocultar o seu feito. Era de génio.

Mas como nem todas as histórias podem ter um final feliz, Alves dos Reis foi apanhado pouco tempo depois de conseguir colocar em circulação as suas notas de 500 escudos.

Depois de apanhado, o caso “Estado Português Vs Alves dos Reis” continuou a dar que falar. Alves foi julgado e condenado a 20 anos de prisão através de uma lei desenhada para o seu crime e aprovada e publicada com efeitos retroactivos, porque quando ele foi preso, os legisladores verificaram que a pena para falsificação de assinatura (na realidade o crime que cometera) era de alguns meses de prisão.

A verdade é que este senhor acabou por estar preso e aguardando julgamento, desde 5 de Dezembro de 1925 até 8 de Maio de 1930. Durante esse tempo, conseguiu convencer um juiz de instrução que a própria administração do Banco de Portugal estava implicada na fraude, tendo falsificado documentos na prisão.

Foi finalmente julgado em Lisboa no Tribunal de St.ª Clara, em Maio de 1930, e condenado a 20 anos: 8 de prisão e 12 de degredo ou, em alternativa, 25 anos de degredo. Durante o julgamento, alegou que o seu objectivo era simplesmente desenvolver Angola.

Foi libertado em Maio de 1945, tendo-lhe ainda sido oferecido um emprego de empregado bancário que este recusou.

Depois da descoberta da fraude, que muitos julgam ter sido o embrião para a chegada de Salazar ao poder, o Banco de Portugal ordenou a retirada de circulação de todas as notas de 500 escudos, sendo que, de acordo com a lei portuguesa, estas notas puderam ser trocadas no Banco de Portugal até 1995.

É óbvio que a dada altura os possuidores destas notas deixaram de ter qualquer interesse na sua troca dado que a raridade destas notas as foram transformando numa relíquia. Em 27 de Outubro de 2005 decorreu um leilão com umas das notas falsas de Alves dos Reis com base de licitação estimada no valor de 6 500 euros.
Grande parte deste texto foi retirado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alves_dos_Reis

3 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado, pelo conteúdo...utilizarei em meu blogger sobre fraudes e assaltos.
Nào podia faltar uma história com esta, e o melhor totalmente veridica.

Abraço

Anónimo disse...

ACHO KE SINCERAMENTE PODIAM POR MUITAS MAS MUITAS MAIS IMAGENS
!!!!



CAMBADA DE INCOMPETENTES!

SEM CUMPRIMENTOS E ATÉ AO DIA DE SÃO NUNCA Á TARDE!
ass:ANONIMO

Anónimo disse...

Alves Reis, um génio da vigarice.
Comparado com este, Oliveira e Costa, antigo Secretário de Estado do Tesouro no Governo de Cavaco Silva não passa de uma cópia.
Parece que o regime democrático em Portugal está a chegar ao fim. Já cheira a finados. Não faltam os escândalos de corrupção, nem sequer um escândalo bancário, o caso BPN, que envolveu ex-ministros de Cavaco Silva, como Dias Loureiro ou Miguel Cadlhe. É a total semelhança com o final da República, com o escândalo do Banco de Angola e Metrópole, fundado em 1925 por Alves Reis.